Dúvidas Frequentes
Crianças que não aprendem são rotuladas como “preguiçosas”, burras”, “lentas”. Os projetos do CPN geram beneficio de informações diretamente para as crianças, suas famílias e os profissionais que lidam com a criança, pois proporcionam entendimento de possíveis dificuldades no desenvolvimento da criança e de como lidar com tais dificuldades no dia-a-dia, bem como, quando for o caso, no encaminhamento clínico possível através do diagnóstico ágil e preciso.
Segue abaixo a resposta de algumas perguntas importantes que sempre aparecem ao se falar de aprendizagem e desenvolvimento (clique nas perguntas para ler a resposta):
Distúrbio de Aprendizagem
O Distúrbio de Aprendizagem é um conjunto de transtornos do desenvolvimento que interfere na aquisição e desempenho em habilidades acadêmicas.
A criança apresenta dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita, e do raciocínio matemático. Estes problemas de aprendizagem interferem com as atividades diárias que vão requerer estas habilidades. Isto pode estar associado a causas genéticas, psicológicas, psiquiátricas ou sociais. Apesar dos DA ocorrerem com outras deficiências (por exemplo: deficiência sensorial, deficiência mental, distúrbios sócio-emocionais) ou com influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, insuficiente ou inapropriada instrução), os D.A. não são o resultado dessas condições.
Os diferentes distúrbios de aprendizagem irão refletir as spanersas áreas cognitivas e comportamentais relacionadas às diferentes habilidades escolares. Assim, os distúrbios da linguagem podem refletir uma dificuldade ou atraso na aquisição da leitura e escrita, como na dislexia ou dificuldade no planejamento, organização e sequência motora como as relacionadas ao déficit de atenção, e as dificuldades específicas de desempenho (por exemplo, raciocínio aritmético).
De maneira geral, a criança com D.A. apresenta nível intelectual normal. O que determina seu desempenho acadêmico são as dificuldades específicas, relacionadas a atenção, memória, ou falhas na integração perceptiva-motora. O D. A. pode interferir na maneira pela qual a criança percebe, processa, organiza, integra, retém e recupera uma informação, tanto pela linguagem verbal (fala, leitura, escrita) quanto não verbal (imagens, sons, mímica). 5. Então se a criança está indo mal na escola, ela tem D.A.? Somente rendimento escolar não é suficiente para o diagnóstico, este vai requerer uma avaliação ampla, pois muitas vezes as dificuldades estão traduzindo apenas aspectos emocionais, ligados ao ambiente familiar ou social, ou ainda problemas de adaptação ao currículo escolar.
Somente rendimento escolar não é suficiente para o diagnóstico, este vai requerer uma avaliação ampla, pois muitas vezes as dificuldades estão traduzindo apenas aspectos emocionais, ligados ao ambiente familiar ou social, ou ainda problemas de adaptação ao currículo escolar.
A avaliação diagnóstica deve ser feita por uma equipe multiprofissional e também deverá envolver os pais, a criança e a escola (professores). As dificuldades precisam ser objetivamente avaliadas por profissionais experientes na correlação da aprendizagem e a maturação das áreas cerebrais específicas relacionadas às funções cognitivas. É muito importante a avaliação global da criança ou adolescente, considerando as spanersas possibilidades de alterações que resultem na DA, para que o tratamento seja específico e objetivo.
No Brasil, as estimativas podem ultrapassar a faixa de 10% das crianças na idade escolar, tanto na rede pública quanto na privada. Estes índices são subestimados: há falhas no diagnóstico adequado; altos índices de evasão escolar por estigma, orientações inadequadas e despreparo dos profissionais envolvidos na educação da criança.
As dificuldades de aprendizagem podem traduzir disfunções de natureza genética, predisposições, imaturidade ou atraso no desenvolvimento de algumas áreas cerebrais evolvidas na consolidação da aprendizagem.
É quando um determinado problema é analisado por um grupo multiprofissional (neurologista, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo) que tem como objetivo a avaliação neuropsicológica de crianças com disfunções neurológicas, do aprendizado e da linguagem com a finalidade de diagnosticar, orientar o tratamento, dando esclarecimentos à família, escola e aos profissionais envolvidos com a reabilitação da criança.
Através do trabalho de um grupo de profissionais e pesquisadores busca 3 níveis básicos de atuação, a saber:
Diagnóstico: identificando as funções psicológicas, cognitivas e comportamentais preservadas e comprometidas em crianças com DA;
Tratamento: acompanhando a evolução, de modo multidisciplinar em relação ao desenvolvimento cognitivo e aprendizagem dentro de uma perspectiva múltipla que conjuga intervenções amplas junto à família, escola e a sociedade;
Reabilitação: sugerindo, após exame neuropsicológico cuidadoso, as estratégias compensatórias e também organizando reuniões regulares de grupo de pais e profissionais, baseado na troca de experiência e vínculo entre familiares com problemas comuns e profissionais experientes.
Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH)
O TDAH caracteriza-se por um conjunto de 3 sintomas principais: a dificuldade de atenção e concentração, a impulsividade (agir sem pensar ou planejar) e a hiperatividade traduzindo um quadro comportamental complexo que exige um diagnóstico especializado e multidisciplinar.
Não. A descrição de crianças agitadas, irriquietas com excessiva energia, que não param nunca não é suficiente para caracterizar o problema, uma vez que a agitação excessiva pode ser apenas a manifestação reativa da criança a um ambiente de poucos limites.
A criança pode ter dificuldades em prestar atenção em detalhes, em manter a concentração em tarefas escolares, parece não escutar quando lhe dirigem a palavra, tem dificuldade em seguir instruções e não terminam atividades domésticas ou escolares, evita ou reluta envolver-se com atividades que exijam esforço mental constante, perde coisas necessárias para tarefas e atividades, é facilmente distraída por estímulos alheios à tarefa ou apresenta esquecimentos em atividades diárias.
A hiperatividade caracteriza-se por um comportamento motor acentuado como o de agitar mãos ou pés continuamente ou se mexer constantemente no banco escolar. Prefere correr do que andar e com frequência escala os móveis. A criança apresenta dificuldade em envolver-se silenciosamente em atividades do lazer e fala em demasia.
A criança impulsiva dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas. Apresenta constante dificuldade em esperar sua vez ou permanecer em fila e costuma interromper assuntos de outros.
Para o diagnóstico de TDAH pelo menos 6 sintomas de desatenção e/ou hiperatividade devem estar presentes e a avaliação diagnóstica deve envolver os pais, a criança e a escola (professores). As dificuldades precisam ser objetivamente avaliadas por profissionais experientes com o transtorno.
O TDAH é o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância. Calcula-se que em torno de 3 até 5 % das crianças em idade escolar tenham sintomas de TDAH. Tais sintomas estão geralmente presentes antes dos 7 anos de vida e podem persistir até a adolescência ou mesmo na idade adulta.
Não existe uma causa única para o problema, supondo-se que haja influência da hereditariedade e da imaturidade neuroquímica de centros cerebrais relacionados ao controle da atenção.
Dependendo do grau e da intensidade dos sintomas, o TDAH pode interferir na capacidade da criança em lidar positivamente com a realidade. Isto inclui baixo desempenho escolar, dificuldade de relacionamento, baixa auto-estima, falta de habilidade social para compartilhar brincadeiras, fazer amizades e planejar tarefas.
Frequentemente em até 30% dos casos pode estar associado a transtorno de conduta, a um comportamento negativista e desafiante, à depressão e à ansiedade. Não é também de se admirar que portadores do TDAH não tratados podem ter maiores índices de problemas comportamentais após a adolescência como alcoolismo e consumo de drogas.
A avaliação do TDAH envolve um trabalho de equipe multidisciplinar. Isto inclui a avaliação médica, procurando causas clínicas que podem gerar sintomas de hiperatividade como hipertiroidismo, anemia por fala de ferro, uso de medicamentos como antialérgicos e anticonvulsivantes, avaliação neurológica e neuropsicológica detalhadas para determinação dos critérios diagnósticos, além de testar-se a capacidade da atenção concentrada da criança.